Pontos de cultura indígena promovem Rodas de Conversa e lançam DVD com vídeos etnográficos

No Dia do Índio mostra com os vídeos que retratam cotidiano indígena e rodas de conversa serão realizados em aldeias da Bahia, Alagoas e Pernambuco.

Já imaginou conhecer as tradições de oito comunidades indígenas por meio de temas como culinária, ervas medicinais, bebidas sagradas, música, cerâmica tradicional, artesanato entre vários outros assuntos? Os 65 vídeos etnográficos do projeto “Memória Viva” aproximou nos últimos seis meses adolescentes, jovens, adultos e anciãos/anciãs de oito pontos de cultura indígenas, localizados na Bahia, Alagoas e Pernambuco com o objetivo de fortalecer as relações que valorizam os saberes, as trocas de conhecimentos além de preservar e projetar os saberes tradicionais indígenas. No dia 19 de abril, os Pontos de Cultura Indígena realizam Mostras de exibição do DVD: “Memória Viva Indígena” que é uma compilação dos vídeos do projeto seguida de Rodas de Conversa sobre os vídeos. A programação ocorre no Colégio Caramuru da aldeia Pataxó Hãhãhãe, no município de Pau Brasil (Bahia), de 10h30 às 12h; no Colégio Pajé Suira, na aldeia indígena Kariri-Xocó, município de Porto Real do Colégio, Alagoas, das 14h às 16h e no Colégio das aldeias Saco do Barros / Brejo, na terra indígena Pankararu, na divisa dos municípios de Jatobá e Tacaratu, Pernambuco, das 15h às 17h.

O projeto foi realizado com o apoio da ONG Thydêwá e do Ministério da Cultura. Mais de 100 indígenas se reuniram e registraram algumas de suas práticas em vídeos que vão de 3 a 15 minutos, o material está disponível gratuitamente em www.indiosonline.net/memoriaviva e estará também lançado no DVD “Memória Viva Indígena” que será distribuído por diversas comunidades indígenas.

Para realização do DVD uma equipe interdisciplinar visitou as comunidades e deu apoio aos Pontos de Cultura de cada localidade, se desenvolveram em dinâmicas e oficinas, que aproximaram as gerações no objetivo de valorizar seus conhecimentos e salvaguardar seus patrimônios. Atualmente esses vídeos estão sendo utilizados pelos próprios Pontos de Cultura e ou pelas escolas indígenas das localidades para fortalecer a educação ao interior das comunidades. Anciões e Jovens estão participando de rodas de conversa nas comunidades, apresentando os filmes e dialogando com os alunos. Estas ações contam com o apoio especial do Ministério dos Direitos Humanos.

Já são aproximadamente 500 indígenas diretamente envolvidos nas atividades promovidas pelos Pontos de Cultura, na produção de vídeos e na exibição dos mesmos com debate; na apropriação das novas tecnologias de informação e comunicação, onde se destacam dois portais de autoria indígena: www.mulheresindigenas.org e www.indiosonline.net. Esta aliança entre povos indígenas que é promovida pela ONG Thydêwá já permitiu a gravação e lançamento de outros dois DVDs e quatro CDs de músicas. Thydêwá também celebra nesta data o fato de já ter lançado 30 livros e está convidando os autores indígenas a realizar mais um novo livro multiétnico e colaborativo que terá como título “Mensagens da Terra”, para mais informações acesse https://www.thydewa.org/convocatoria-livro-mensagens-da-terra/.

Para Mayá Pataxó Hãhãhãe, de 69 anos, os indígenas idosos escrevem sua história de outras maneiras além da escrita, “tem muitos idosos que a sociedade tacha de analfabetos, mas quando a pessoa conversa com eles percebe que são importantes sábios. Muitos de nossos anciões não tiveram oportunidade de aprender a ler e escrever, mas leem com maestria os sinais da vida e assim escrevem a história de nosso povo, uma história de inteligentes resistências”.

No mesmo sentido, Sebastián Gerlic, um dos coordenadores do projeto, afirma que “a memória viva está em constante movimento. Ela se nutre do passado, se faz no presente e sempre busca transformar o futuro. Quando os livros didáticos falavam apenas em ‘descobrimento do Brasil’, isso era uma tentativa de matar a memória dos povos indígenas, e assim matá-los. Mas os indígenas resistiram porque mantiveram sua memória viva”.

Link para os vídeos: http://www.indiosonline.net/memoria-viva-videos/

SERVIÇO

PATAXÓ HÃHÃHÃE (BAHIA) – Lançamento do DVD, com exibição dos filmes e rodas de conversa: Dia 19 de abril, de 10h30 às 12h.

Local: Colégio Caramuru, na aldeia indígena Pataxó Hãhãhãe, município de Pau Brasil, Bahia.

KARIRI-XOCÓ (ALAGOAS) – Lançamento do DVD, com exibição dos filmes e rodas de conversa: Dia 19 de abril, de 14h às 16 h.

Local: Colégio Pajé Suira, na aldeia indígena Kariri-Xocó, município de Porto Real do Colégio, Alagoas.

PANKARARU (PERNAMBUCO) – Lançamento do DVD, com exibição dos filmes e rodas de conversa: Dia 19 de abril, de 15h às 17h.

Local: Colégio das aldeias Saco do Barros / Brejo, na terra indígena Pankararu, na divisa dos municípios de Jatobá e Tacaratu, Pernambuco.

“Não somos folclore, não somos coisa do passado, somos presente vivo”

campaha_diadoindioIII19 de abril, dia do índio. Talvez seu filho chegue em casa pintadinho de índio batendo a mão na boca fazendo Hu Hu hu. Para quem não sabe, isso vem dos índios americanos, prova de que pouco se conhece sobre a realidade do índio brasileiro. Ou do índio que estava aqui antes do Brasil ser Brasil.

“Eu não quero ser lembrada apenas um dia. Eu quero que todos os dias nós indígenas sejamos lembrados como verdadeiros donos deste território. Não somos folclore. Não somos coisa do passado. Somos história viva. Uma história de luta, sofrimento e resistência”, afirmou Potyra Tê Tupinambá, indígena, advogada, mãe, mulher e diretora executiva da ong Thydêwá.

A realidade indígena do país não está fácil. Golpes são dados diariamente sobre os direitos desses povos tradicionais. A luta é constante para não se perder o território, a dignidade, a natureza preservada ao redor da terra onde se vive, o acesso à água, o acesso à tecnologia.

Pela rede Indios Online, portal etnojornalístico, é possível ter acesso a conteúdo produzido pelos próprios indígenas e entender que nem tudo se ouve e lê nos demais veículos de comunicação é verdade: http://www.indiosonline.net/

A Thydêwá também possui 21 livros disponíveis para download. Todos escritos por indígenas. E também 3 cds. Conteúdo suficiente para ter acesso a realidade do índio brasileiro. https://www.thydewa.org/downloads1/

Recentemente lançamos dois livros digitais infantis com histórias indígenas. Por enquanto disponível para iPhones e iPads, mas é possível ler online ou baixar o pdf. Estão lindos! http://www.daterraproducoes.net/ebooks/

A invisibilidade da mulher indígena é combatida pela rede Pelas Mulheres Indígenas que desde 2014 vem trabalhando para transformar a realidade dessa parte da população extremamente vulnerável. Mulheres que são em sua essência fortalezas. http://www.mulheresindigenas.org

Os jovens estão aí mostrando que têm voz, que têm raiz, que estão abertos e dispostos a lutar por mudanças. Não querem mais ser folclore, são modernos, estão atentos as mudanças do mundo, tentando acompanhá-las, mas não perdem a essência que os conecta com as tradições. Estamos reunidos no Força Indígena Jovem, grupo aberto: https://www.facebook.com/groups/941864215891750/

E tem o RISADA, uma rede indígena solidária de arte e de artesanato. Gente preocupada com o meio ambiente e conectada com a tradição de produzir para sobreviver. Acreditando na potência da Internet para potencializar a sustentabilidade de seus povos http://risada.org

A realidade do índio brasileiro é sofrida. Se no dia 19 são folclore, no restante dos outros dias precisam esconder a identidade indígena sob o risco constante de sofrerem preconceitos. É para isso que a gente trabalha, para promover diálogos, acreditando na cultura da paz, no bem viver, na força da mãe terra.

Desejamos a todos um dia do índio, uma semana da resistência e todo um abril indígena de abertura para novos conhecimentos.

Awere!

SEMANA DA RESISTÊNCIA INDÍGENA: ÍNDIOS DO NORDESTE LANÇAM LIVRO SOBRE MEMÓRIA DO MOVIMENTO INDÍGENA

Durante a semana que antecede o Dia do Índio (19/04), indígenas de diferentes comunidades ganham voz através do lançamento do livro Memória do Movimento Indígena do Nordeste. O livro visa garantir o fortalecimento étnico e a socialização da memória indígena.

Neste título, os indígenas partilham com liberdade e força suas memórias, sentimentos e visões através de escritos, fotografias e desenhos. O volume conta com contribuição de indígenas de 12 etnias: Pankararu, Potiguara, Pataxó, Fulni-ô, Kariri-Xocó, Tupinambá, Quixelô, Pataxó Hãhãhãe, Kanindé, Karapoto Plaki-ô, Payayá e Xokó.

“Este livro é um registro histórico que deixa na memória das futuras gerações a nossa forma de viver e as transformações pelas quais passamos, em sua grande parte, sem nosso consentimento. Por meio dele, o povo poderá refletir e não deixar que o lado escuro da história se repita” explica Alexsandro Potiguara, um dos dezesseis autores do livro.

Contando com o apoio do IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus – através do edital público “Memórias Brasileiras”, o livro é organizado pela ONG Thydêwá (https://www.thydewa.org), que vem trabalhando desde 2001 com o emponderamento dos indígenas e promovendo o fortalecimento de suas vozes e expressões. O volume é o 23° da premiada coleção “Índios na Visão dos índios”.

Dia do Índio?

Vale ressaltar que as comunidades indígenas questionam se esta é uma data para ser comemorada. Afinal, os povos indígenas vivem uma busca constante e incansável pelo reconhecimento dos seus direitos, e para retomar seu espaço físico, através da demarcação das terras, e simbólico, através da preservação de sua cultura.

Segundo dados do IBGE, a população indígena no Brasil é de aproximadamente um milhão de pessoas, sendo a parcela mais pobre da sociedade e mais discriminada também. Diante desta realidade, muitos escolhem usar a data para manifestar a sua indignação. A Rede Índio Educa já fez uma matéria a respeito: http://www.indioeduca.org/?p=1918 .

Baixe o livro aqui: https://www.thydewa.org/wp-content/uploads/2015/03/LIVRO-MOVIMENTOS-CARTOGRAFICOS-FINAL_web.pdf

Serviço:
Para acompanhar os eventos de lançamento do livro Memórias do Movimento Indígena do Nordeste informe-se pelo grupo no Facebook:
https://www.facebook.com/groups/1580222165584121/?fref=ts

Indígenas na rede
Mulheres indígenas se abrem para o mundo em uma rede focada nos direitos de gênero. A rede Pelas Mulheres Indígenas (http://www.mulheresindigenas.org) reúne conteúdos desenvolvidos por mulheres de 08 comunidades do Nordeste – Pataxó de Barra Velha, Pataxó de Cumuruxatiba, Pataxó Hã Hã Hãe, Tupinambá (BA), Pankararu (PE), Xokó (SE), Kariri-Xocó, Karapotó-Plakiô (AL). Pelas Mulheres Indígenas, patrocinado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência República e desenvolvido pela ONG Thydêwá.

A Rede Indígena Solidária de Arte e de Artesanato, também conhecida como RISADA busca promover o reconhecimento das culturas indígenas, valorização, divulgação e venda de artes e artesanatos por meio da internet, visando a melhoria da qualidade de vida da Mãe Terra e seus filhos de forma sustentável. Conheça mais sobre esse projeto visitando o site no http://www.risada.org/

Índios Online: Portal de etnojornalismo: http://indiosonline.net/

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