São 444 mil mulheres indígenas no minimo invisibilizadas pela sociedade

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Dezesseis mulheres de oito comunidades indígenas do Nordeste se reunirão entre os dias 6 e 10 de julho para debater a realidade da mulher indígena nos dias atuais. Ao total, são 444 mil mulheres indígenas no Brasil sofrendo diariamente pela falta de território e cidadania, além de abuso de poder e violência, chegando inclusive a ter que negar sua própria identidade para driblar a discriminação e exclusão.

O encontro faz parte da Rede Pelas Mulheres Indígenas (http://www.mulheresindigenas.org), iniciada em março deste ano, e que ganha força pela união de 08 comunidades do Nordeste – Pataxó de Barra Velha, Pataxó de Cumuruxatiba, Pataxó Hã Hã Hãe, Tupinambá (BA), Pankararu (PE), Xokó (SE), Kariri-Xocó, Karapotó-Plakiô (AL).

Após 4 meses e meio de projeto, este já é o segundo encontro organizado pela rede e ocorre na sede da ONG Thydêwá, em Olivença, Ilhéus (BA).

“Durante este quatro meses, as mulheres atuaram iniciando grupos de debates sobre os direitos das mulheres em suas aldeias, e produzindo etnojornalismo para mostrar como é a realidade da mulher indígena hoje no Brasil. A ideia agora é fortalecer ainda mais os laços interétnicos entre as integrantes da Rede, lançar mais consciência sobre os direitos das mulheres em nossa sociedade e sobre exclusão que sofremos e, ao mesmo tempo, continuar empoderando estas mulheres como transformadoras de sua realidade”, afirmou Joana Brandão, coordenadora do Pelas Mulheres Indígenas.

Além dos encontros presenciais, o projeto também se desdobra em uma plataforma online que reúne conteúdos desenvolvidos pelas mulheres das 08 comunidades. Navegando no site, o usuário entra em contato com a realidade de mulheres em suas aldeias, que revelam através de seu cotidiano a realidade indígena do país. As histórias são contadas com textos, vídeos e fotografias produzidos pelas próprias indígenas.

Temas como educação, saúde, violência, autonomia financeira, e luta pela terra, são tratados sob a ótica da mulher, como mostra o trecho do perfil de Lindinalva (62), contado por Wilma Karapotó-Plaki-ô: “Na retomada das terras Karapotó–Plaki-ô tivemos que ir para a pista (estrada), foi um sofrimento. Éramos ameaçados de morte, mas tivemos que enfrentar porque as terras eram nossas, enfrentamos mesmo sabendo que eu, meus filhos e todos os índios que estavam ali corríamos risco de morte. Ficamos acampados na beira da BR 101, preocupados com os antigos posseiros e com medo de acontecer algum acidente com meus filhos por causa da pista. Finalmente quando conseguimos retomar nossas terras eu vivi em paz com meus filhos e meu marido. Hoje posso dizer que sou uma mulher batalhadora, guerreira e vencedora, vendo a minha família crescer cada dia mais”. Acompanhe outras histórias em nosso blogue (http://www.mulheresindigenas.org/blogue).

O projeto Pelas Mulheres Indígenas conta com o apoio da Secretaria de Politicas Públicas para Mulheres do Estado da Bahia, da Secretaria de Politicas Públicas para Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, e é desenvolvido pela ONG Thydêwá.

A ONG Thydêwá trabalha desde 2002 para o fortalecimento das comunidades indígenas, para a consciência planetária e promoção da cultura da paz. Nos últimos anos, tem aliado a apropriação das Tecnologias de Informação, Comunicação e Aprendizagem a projetos que lutam por relações interculturais justas e verdadeiras, como a rede Índios On-Line (www.indiosonline.net – desde 2004); Índio Educa (www.indioeduca.org Brasil – desde 2011) e a Rede Indígena de Arte e de Artesanato (www.risada.org – desde 2011).

Serviço:
O quê: MULHERES INDÍGENAS SE REÚNEM PARA DEBATER A REALIDADE DA MULHER INDÍGENA NO BRASIL
Mais informações: http://www.mulheresindigenas.org, joana@thydewa.org, fernanda@thydewa.org
Contatos para entrevistas: Joana Brandão (73) 9163 2839
Fotos: Veja mais fotos e vídeos em nosso site http://www.mulheresindigenas.org

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